Friday, March 29, 2013

Orçamentar ganhos irregulares: one big adventure

Em forma de continuação do post do outro dia, Trabalhar (ou não) por conta própria, apanhei um post (Dough Roller) que tem umas ideias úteis quanto a um dos maiores desafios do assunto: o rendimento variável.

Estas ideias são também aplicáveis a quem tem um ordenado e trabalha por conta de outrém: nunca são demais boas ideias de gestão financeira.

Um dos maiores desafios, e também um dos aspectos mais dissuadores, de iniciar o seu próprio negócio é a incerteza a quanto e quando poderemos tirar o nosso ordenado. Mesmo após a fase inicial, onde se gasta mais dinheiro e onde temos de passar por uns meses até que se consiga compensar o que já foi investido, existirão sempre meses onde se trabalha mais, outros onde se ganhará menos. A entrada de fundos passará a ser errática e irregular e isso é algo que passará a fazer parte do dia a dia de quem se iniciar na aventura de trabalhar para si próprio.

O post mencionado acima fala de três estratégias interessantes:

1. Pagar um ordenado. A nós mesmos.
Definir uma quantia mensal como o "meu" ordenado poderá ser complicado no início - não se sabe se efectivamente conseguiremos ganhar o suficiente para nos pagarmos esse ordenado. Definir o valor também é importante: definir os gastos médios mensais e tentar enquadrar esse valor no budget da empresa. Valor esse realista - que poderá ser menor do que gostaríamos e muitas vezes menor (surpresa!) do que ganharíamos se trabalhássemos para outrém.

2. Definir uma piramide de gastos pessoais.
Não, não se pode ir já comprar o MacBook Air.
Perceber quais são os gastos essenciais (casa, contas, comida), definir valores e depois prioritizar os secundários (jantares, última colecção da Oysho, manicures). Tentar definir o valor realista que podemos efectivamente dedicar aos secundários.
A isto adiciono um hábito que me tem sido muito útil desde os tempos da faculdade: uma folha de excel, e listar todos os nossos gastos mensais, divididos por categorias: ajuda-nos a perceber onde já gastamos dinheiro e o que poderá estar a deitar por terra os esforços de poupança ou de manter-nos dentro do budget inicial.
É incrível a destruição que umas inocentes jantaradas conseguem fazer numa conta bancária estruturada... Bem, adiante.

3. Viver do último ordenado.
Ou, por outras palavras, ter sempre um ordenado de parte.
Eu, durante muitos tempo, tive bastante dificuldade em juntar um pé de meia para as emergências. Sempre que tinha uma surpresa desagradável tinha um cartão de crédito que iria desenrascar aquela saída súbita de dinheiro. E depois passava os meses seguintes a pagar o arranjo do carro, ou os óculos novos...
Sugestão. Funcionou às maravilhas para mim. Sempre por de parte 10% do que se ganha. Ordenado, prenda de algum familiar, bingo ou casino: sempre que existir uma entrada de dinheiro, fazer uma transferência automática pela internet para uma poupança criada no banco habitual.
Ao final de um ano já tinha juntado ordenado e meio. Maravilha.

Existem mais ideias e hábitos que se vão criando para tentar viver com as incertezas financeiras habituais de quem não tem ordenado certo. Mas, basicamente, tem de se ter em atenção sempre o que se gasta e onde - e, invariavelmente, passamos a ter um cuidado maior na gestão financeira e a tomar opções mais pensadas cada vez que tiramos a carteira. E passamos a fazer muito mais continhas.
A incerteza sempre ensina alguma coisa.

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